Bonsmara: o europeu que desafia o calor, o carrapato e a lógica da pecuária tropical

Casos de Sucesso | Guia de Raças | 21 de julho de 2025

Paraopeba (MG) – No calor seco da região central de Minas Gerais, onde o carrapato ainda dita as regras, um rebanho de cor avermelhada impõe presença. É o Bonsmara, uma raça taurina 100% europeia que vem sendo testada por criadores como Fernando Caldeiras, um produtor rural que decidiu apostar na contramão da lógica tradicional da pecuária tropical.

“Como todo gado europeu, o grande problema que nós temos na região é o carrapato”, resume Caldeiras. “E, sem dúvidas, a gente tem que trabalhar em cima de uma coisa sustentável, que aqui no caso seria a homeopatia.”

A ferramenta escolhida para esse desafio é o Ectrol MD, tecnologia da CMR Saúde Animal, marca do Grupo Real. Com base na homeopatia veterinária, o produto vem sendo testado há cerca de um ano na propriedade. “Isso é uma aposta que eu acredito muito, estamos implantando. Acho que o resultado de qualquer um europeu que queira trabalhar no trópico, passa por ai. Fora isso, a gente vai estar sujeito à ‘molécula da vez'”, acrescenta o pecuarista.

Raça moldada pela ciência

O Bonsmara surgiu na África do Sul, nas décadas de 1930 e 40, criado pelo zootecnista Johan Bonsma. A missão era clara: desenvolver um bovino europeu que aguentasse clima quente e tivesse desempenho de carne. O cruzamento envolveu três raças — 50% Africaner, 25% Hereford e 25% Shorthorn — até formar um animal estável, padronizado, reconhecido como raça pura nos anos 1960.

“É gado pra andar no calor sem perder qualidade. E o melhor: cobre bem”, explica Caldeiras. “O Bonsmara é o europeu que mais gosta de correr atrás de vaca branca.”

Apesar de estar há apenas três anos com a raça, ele já observa resultados no cruzamento com matrizes zebuínas. “A heterose é absurda. Os meio-sangue têm ganho de peso rápido, rusticidade e desempenho muito acima do esperado.”

Adaptação ao calor e ao pasto seco

Segundo o criador, mesmo sendo um taurino europeu, o Bonsmara tem demonstrado boa adaptação ao sistema de criação extensiva. “É um animal que é todo criado a pasto, sem nenhum problema, nenhum milindre de criação numa área quente, área seca. Aqui na região nossa é verão chuvoso e inverno seco. E os animais, todos criados a pasto, sem problema nenhum.”

Caldeiras também destaca os bons resultados obtidos nos cruzamentos. “Eu já usei machos deles aqui, até nascido aqui, em animais mestiços da região, que faz cobertura a pasto numa boa e um resultado muito interessante o meio-sangue desses animais com os zebuínos e os cruzados.”

 

Assista!

Crédito: Matéria produzida a partir de entrevista com Fernando Caldeiras, em Paraopeba (MG), com informações colhidas em campo pela equipe do Grupo Real.

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