Para repor os estoques, frigoríficos pagam mais por arroba do boi em MS
Confinamento | 14 de janeiro de 2013O mercado do boi gordo vem sustentando preços firmes no início deste ano, e supera as expectativas do produtor rural em relação ao mês de janeiro do ano passado – quando a arroba estava cotada em R$ 85. Hoje, a cotação atinge R$ 91,50 em Campo Grande – uma valorização de 7,64% em um ano, de acordo com a Scot Consultoria. O aumento das cotações atingiu todas as regiões produtoras do país, e veio após a crescente demanda dos frigoríficos, que teve início na segunda quinzena de dezembro do ano passado e perdura até hoje.
“Com as festas de fim de ano, o consumo de carne é historicamente maior. A demanda das últimas semanas foi boa e enxugou os estoques de carne, por isso, o ano começou firme para o pecuarista”, explica o analista de mercado da Rural Business, Júlio Brissac. O analista observa que, com o apetite maior dos frigoríficos, o produtor deve aproveitar o momento de maior remuneração pelo rebanho, ao mesmo tempo em que precisa levar em conta os impactos para o mercado futuro. “Não pode haver uma euforia por parte do pecuarista para vender o gado por um preço melhor. A consequência disso será um excedente de oferta de animais na indústria, o que levará a uma menor remuneração na ponta da cadeia, enquanto os frigoríficos vão ampliar a margem de lucros”, pondera Brissac.
Em outras palavras, o correto é que a oferta de animais liberada pelos produtores seja suficiente para sustentar o mercado, sem permitirem que haja um afrouxamento dos preços ao produtor. Na avaliação de Brissac, o cenário exige cautela porque a valorização da arroba é pontual. “Os estoques ainda estão em recuperação, mas, em breve, voltarão aos níveis normais”, disse.
Países impuseram restrições à importação do produto bovino. Outra questão que contribui para a sazonalidade do mercado é o embargo à carne bovina do Paraná. Vale lembrar que dez países impuseram restrições à importação do produto bovino paranaense, alegando prevenção sanitária contra o mal da vaca louca. As medidas podem culminar na retenção de oferta no mercado interno – o que torna maior a preocupação com os preços. “Por ter acontecido justamente no período em que o consumo de carne aumenta, as possíveis consequências do embargo foram amenizadas”, justifica.
Brissac reforça que as restrições não vão pressionar os preços no mercado interno. “Estamos absolutamente convencidos de que os embargos não vão influenciar nem as exportações nem os preços do boi”. Ele avalia a elevação das margens de lucro da indústria como “manobra mercadológica”, e acredita que, hoje, o produtor rural está mais preparado para enfrentar crises como a de agora. “O pecuarista está mais experiente, já passou por situações semelhantes”, reforça.
Fonte: Jornal O Estado MS, AgroNegócios/MS
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