Entenda as mudanças estruturais que estão acontecendo na pecuária brasileira

Confinamento | 9 de janeiro de 2013

Por José Roberto Puoli, mais conhecido como Limão. É Engenheiro Agrônomo e consultor em produção de gado de corte. Atualmente também é pecuarista no Paraguai.

Faz tempo que estou querendo escrever um pouco para você, e agora que baixou a inspiração. Já mandei um artigo uma vez, falando das mudanças estruturais que acredito estão acontecendo na pecuária brasileira. Gostaria de insistir um pouco mais nisso, com mais informações (IBGE). Vamos lá:

Este primeiro quadro mostra o abate no Brasil. Coloquei ele somente para as pessoas perceberem como teve uma mudança grande nas quantidades com o passar dos anos.

O que fiz, então. Separei o abate de machos e fêmeas e coloquei a partir de 2006. Veja que interessante. O abate dos machos é praticamente estável, e o das fêmeas, após o pico de 2007, também, mostrando até um pequeno aumento outra vez em 2012.

As pessoas gostam muito de falar na proporção do abate, que é as fêmeas, aí está, no gráfico abaixo. Esta informação é bem relevante quando o rebanho está estável ou próximo disso. Que acredito é o ponto em que estamos. Já o número absoluto é muito importante, pois não fica interpretação alguma.

O que vejo de extrema importância neste gráfico é que ele mostra, pelo menos para mim, que o rebanho do Brasil amadureceu (+-45% do abate é fêmea), ou seja, se crescer será de forma bem tímida. Podendo até diminuir, também de forma tímida.

Em minha opinião, este gráfico é que melhor explica tudo isso que mencionei. Está em espanhol, pois apresentei isso na Argentina. Com o fim das fronteiras agrícolas e este aumento de área plantada, fica claro que os pastos estão diminuindo. Acredito que o rebanho não diminuiu junto simplesmente por conta da melhora tecnológica da pecuária.

Minha única finalidade com estas informações é compartilhar este sentimento de mudança estrutural da pecuária com as pessoas. E, obviamente, estas mudanças trazem outras consequências para quem olha a pecuária como um todo, inclusive os preços do boi.

Tenho ouvido, insistentemente, falarem de ciclos de baixa, alta………… etc.

Tentei fazer várias correlações, e a que me pareceu mais significativa foi essa. Os preços do boi, da vaca e da tonelada exportada (ABIEC). As pessoas podem dizer que não existe qualquer influência, mas que elas andam juntas, andam.

Vou te ser bem sincero, neste período todo, e aí podemos falar de 1997 até hoje (gráfico original), só vejo um ciclo, este de alta que começou no final de 2007. Ninguém pode dizer que este vale de 2008 até 2010 é efeito de ciclo pecuário. Tem que estar desconectado do mundo para concluir isso. Se não fosse a crise mundial, este vale não existiria.

Abaixo está outra lição de casa que fui fazer e mostrar na Argentina. É a relação do abate com a quantidade exportada. É praticamente paralelo. Ou seja, se não abatermos mais não vamos exportar mais. E esta é mina conclusão, pois como não acredito que vamos crescer muito no rebanho e no abate, também não acredito que vamos crescer na exportação.

Concluindo, continuo acreditando, e cada vez mais, que nossa pecuária sofreu mudanças estruturais importantes e a forma de analisá-la deveria mudar também.

Assim, acredito que poderíamos entendê-la melhor.

Abração

Limão

Fonte: BeefPoint

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