Mundo deve consumir 59,9 mi de t de carne a mais até 2022, diz consultor

Confinamento | 30 de julho de 2014

Até 2022, o consumo mundial de carne (bovina, suína e de aves) deve ter um incremento de 59,9 milhões de toneladas, o volume representa mais de 31 vezes a quantidade de carne bovina que o Brasil exportou em 2013, que foi de aproximadamente 1,9 milhões de toneladas. Os dados foram apresentados na palestra do consultor especialista em proteína animal, Osler Desouzart, no centro de convenções Albano Franco, em Campo Grande (MS), nesta quarta-feira (30), durante o Circuito Expocorte 2014.

Segundo Desouzart, desse aumento de demanda por proteína animal, 47,97% deverá ser por carne de aves (28,7 milhões de toneladas), 31,21% por carne suína (18,7 milhões de toneladas), 17,1% por carne bovina (10,3 milhões de toneladas) e 3,63% (2,1 milhões de toneladas) por carne de ovinos e caprinos.

O especialista aponta que serão os países em desenvolvimento os grandes vetores desse aumento de consumo de carne no mundo nos próximos anos. Do volume que será consumido a mais em 2022, 57,9% (33,3 milhões de toneladas) vão ser demandados pelas nações asiáticas, 19,83%  (11,3 milhões de toneladas) pelas da América Latina, 10,04% (5,7 milhões de toneladas) pelas da África. Os outros 12,1% de incremento de consumo estão distribuídos entre a Europa, América do Norte e Oceania.

“Nos países em desenvolvimento está ocorrendo uma migração da população das zonas rurais para as urbanas e um aumento de renda das pessoas. Com isso, está ocorrendo também nestes países uma migração das dietas baseadas em consumo vegetal para um maior consumo de carnes. A China é o maior exemplo disso, tanto que em 1985, com uma renda média per capta de US$ 501, o consumo anual de arroz era de 85,7 quilos e o de carne de 19,2 quilos. Já em 2009, com renda média de US$ 6.810, a quantidade de carne consumida subiu para 58,2 quilos e a de arroz caiu para 76,3 quilos por ano, por pessoa”, demonstra.

Especialmente para a carne bovina, o consultor projeta que a China deverá ter um papel muito importante nos próximos anos, seja comprando diretamente o produto no mercado internacional, ou adquirindo milho para a produção de ração, o que deve influenciar nos preços do cereal e encarecer o custo de produção da pecuária.

“A China deve ter o segundo maior aumento em volume da quantidade de carne bovina consumida no mundo até 2022, com 1,195 milhão de toneladas, ficando atrás somente do Brasil, que deve ter um incremento ainda maior, 1,367 milhão de toneladas neste período”, explica.

O consultor diz que outro fator que deve encarecer o preço da carne no futuro próximo é a escassez de recursos para produzi-la. “Produtos animais exigem quatro vezes mais recursos naturais que produtos vegetais para serem produzidos. As carnes, em especial, são as que requerem mais água em sua produção. Para produzir um quilo de carne bovina, por exemplo, são necessários 16 mil litros de água. A água é recurso escasso e finito, que será fonte de conflitos, como o petróleo é no dia de hoje. Em razão desse cenário, fora de países onde os rebanhos estão no ‘quintal de casa’ e que tem grande disponibilidade de água, como é o caso do Brasil, a carne bovina se tornará um item de luxo”, projeta.

O Brasil, de acordo com o especialista, deverá continuar até 2022, no posto de segundo maior produtor mundial de carne bovina, registrando nesse intervalo de tempo um aumento de 29,5% no volume produzindo, atingindo as 11 milhões de toneladas anuais.

Ele prevê ainda um concentração cada vez maior no setor. “O segmento de carnes está concentrado em poucos países e nestes países tende a se concentrar em poucas empresas”, comenta  Desouzart, completando que neste cenário o Brasil tende a se manter como segundo maior exportador mundial de carne.

O consultor, lembra, no entanto, que o país precisa superar alguns entraves para explorar todo esse mercado que se desenha para sua pecuária.

“O que devemos indagar é até quando será sustentável fazer boi a pasto em um mundo que carece de terras aráveis? Até quando poderemos ter o luxo de ter 1,1 cabeça por hectare? Até quando vamos conviver com ilhas de eficiência e outras de acentuada disparidade? E por fim, até quando o setor não se preocupará em ter um plano estratégico para os próximos dez anos, que é vital para conviver com uma indústria que se concentra em nível nacional e internacional?”, concluiu. (Fonte: Site Agrodebate)

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